Me pergunto até que ponto você é o que eu idealizo sobre sentir, sobre o querer... e até que ponto é real. Em outros tempos, sumiria, te deixaria sozinha do outro lado da linha, do outro lado da tela, me impressiono comigo mesma, porque no que acontece agora deveria ser mais fácil, pois ao invés de lhe deixar do outro lado de mim, você já está do outro lado do muro, significa ainda, do outro lado do mundo.
Tenho repetido constantemente aquele trecho de Clarice: E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça. Farpa incrustrada na parte mais grossa da sola do pé. E digo mais: incrustada na parte menos lúcida da mente, e na parte mais frágil do coração. É, farpa dói, e não é igual aquela que tiramos do dedo, sabe? é diferente, é maior.
E pra quem ve de fora pode ver algum tipo de dor que poderia muito bem ser evitada, mas eu já sabia que ela faria parte do pacote, que veio junto da poltrona 27, da plataforma 21 e das milhares de gotas que escorriam da minha mão.
Eu sei desses números, porque ainda tenho o bilhete de ida, o de volta rasguei, joguei fora, juro que desejei que aquele dia também tivesse ido embora junto, mas tudo ainda permanece aqui, todos detalhes, todas palavras, gestos... e farpas.
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