24.9.09
Tenho feito exercícios diariamente. Exercícios para reviver a memória, primeiro me perco olhando fixo algum ponto qualquer. Longe. Tento voltar exatamente no momento em que percebi o que estava vivendo, a partir daí, lembro da hora da chegada, com muito esforço me recordo as palavras ditas até a hora de nos deitarmos. Sei que já deixei escapar algumas frases, e peço que não sejam tão importantes, assim como o seu primeiro sorriso pra mim. Mas confesso, as vezes é difícil colocar tudo na ordem, fecho os olhos e tento sentir ainda o seu perfume, meu Deus, como fico feliz quando percebo que não esqueci. Mas preciso fazê-lo todos os dias, não quero que se perca assim, se deixo escapar, me vem apenas como um sonho, e é tão bom lembrar que não foi, lembrar que eu estava lá, não me contenho, onde quer que eu esteja, sorrisos escapam...
8.9.09
Enumera variadas maneiras de como começar, pensa em acordar mais cedo e fazer algo diferente, mas sabe que de manhã é mais difícil, sabe que terá que acender o cigarro, abrir a janela só um pouco pra que entre apenas uma fresta de luz para que leia seu livro, do mesmo jeito de todos os dias.
Pensa então que pode começar depois de ter lido seus e-mails, tirando os que recebe sobre trabalho, sempre tem um de algum amigo que a anime. Com algum pequeno grau de êxtase será mais fácil começar. Não, não é nada drástico, por enquanto. Na verdade só precisa mudar alguns costumes, manias que lhe deixam quieta. Exatamente, não é inquieta, não disse errado, estando quieta sua cabeça, ultimamente, tem sido atormentada por alguns (muitos) indesejáveis pensamentos, um sobre o outro, do lado de outro, que se juntam, e reviram... Ah! você sabe, já se sentiu assim não é? Diga que sim, ela não pode pensar que é a única, seria mais um tormento.
Enfim, pensou em começar pelo horário do banho e o modo como lava os cabelos, pensa que pode fazer como quando era criança, lavar com shampoo de erva-doce e deixar secá-los ao sol, naturalmente, quem sabe aquele brilho volte. Mas tem de estar seco até ás 16h00, pois agora antes de tomar seu chá, ela irá até a praça que inaugurou a alguns dias, vai colocar seu casaco marrom, sem bolsa alguma, não gosta do peso que vem junto delas. Vai livre sentar no banquinho, colocar a mão sobre a testa, sentindo o sol arder sobre sua pele, vai olhar as crianças passando, alguns jovens conversando á caminho da universidade da cidade, e aí:
vai se sentir velha,
perceber que colocou o casaco bege, ao invés do marrom
o cabelo próximo á nuca ainda está molhado
não sente cheiro de erva-doce
vai querer chingar o dono da perfumaria por te-la enganado.
e lembrar que o cigarro ficou em casa, dentro da bolsa.
vai querer voltar, mas vai lembrar que esqueceu o caminho ja faz tanto tempo
e percerber que vai continuar ali, com pertubações... uma do lado, sobre, que juntam, reviram...
e fim, vai querer começar, de novo.
Pensa então que pode começar depois de ter lido seus e-mails, tirando os que recebe sobre trabalho, sempre tem um de algum amigo que a anime. Com algum pequeno grau de êxtase será mais fácil começar. Não, não é nada drástico, por enquanto. Na verdade só precisa mudar alguns costumes, manias que lhe deixam quieta. Exatamente, não é inquieta, não disse errado, estando quieta sua cabeça, ultimamente, tem sido atormentada por alguns (muitos) indesejáveis pensamentos, um sobre o outro, do lado de outro, que se juntam, e reviram... Ah! você sabe, já se sentiu assim não é? Diga que sim, ela não pode pensar que é a única, seria mais um tormento.
Enfim, pensou em começar pelo horário do banho e o modo como lava os cabelos, pensa que pode fazer como quando era criança, lavar com shampoo de erva-doce e deixar secá-los ao sol, naturalmente, quem sabe aquele brilho volte. Mas tem de estar seco até ás 16h00, pois agora antes de tomar seu chá, ela irá até a praça que inaugurou a alguns dias, vai colocar seu casaco marrom, sem bolsa alguma, não gosta do peso que vem junto delas. Vai livre sentar no banquinho, colocar a mão sobre a testa, sentindo o sol arder sobre sua pele, vai olhar as crianças passando, alguns jovens conversando á caminho da universidade da cidade, e aí:
vai se sentir velha,
perceber que colocou o casaco bege, ao invés do marrom
o cabelo próximo á nuca ainda está molhado
não sente cheiro de erva-doce
vai querer chingar o dono da perfumaria por te-la enganado.
e lembrar que o cigarro ficou em casa, dentro da bolsa.
vai querer voltar, mas vai lembrar que esqueceu o caminho ja faz tanto tempo
e percerber que vai continuar ali, com pertubações... uma do lado, sobre, que juntam, reviram...
e fim, vai querer começar, de novo.
E a história que nem passou por nós direito ainda, pr'onde é que foi?
Entre sol e chuva, entre passos á frente e á recuar, entre o sim e o não, entre o modo como veio e como acabou, entre a história que nem passou pela gente, reticências ou ponto final. Tantos lados opostos que levam á um mesmo assunto, dou risada sozinha dentro desse quarto de paredes úmidas, vazio, um único corpo expelindo uma confusão de pensamentos sobre o que é, o que foi, o que virá, um corpo que brinda o que não quer mais viver, que brinda o que ainda quer viver, e que deseja tanto sair desse buraco que entrou, não que lhe falte vontade, suas mãos alcançam a parte superior da cavidade, mas ali há um medo que nunca teve.
Se a história nem passou direito pela gente, como vai embora assim?
Eu sei.
7.9.09
Me pergunto até que ponto você é o que eu idealizo sobre sentir, sobre o querer... e até que ponto é real. Em outros tempos, sumiria, te deixaria sozinha do outro lado da linha, do outro lado da tela, me impressiono comigo mesma, porque no que acontece agora deveria ser mais fácil, pois ao invés de lhe deixar do outro lado de mim, você já está do outro lado do muro, significa ainda, do outro lado do mundo.
Tenho repetido constantemente aquele trecho de Clarice: E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça. Farpa incrustrada na parte mais grossa da sola do pé. E digo mais: incrustada na parte menos lúcida da mente, e na parte mais frágil do coração. É, farpa dói, e não é igual aquela que tiramos do dedo, sabe? é diferente, é maior.
E pra quem ve de fora pode ver algum tipo de dor que poderia muito bem ser evitada, mas eu já sabia que ela faria parte do pacote, que veio junto da poltrona 27, da plataforma 21 e das milhares de gotas que escorriam da minha mão.
Eu sei desses números, porque ainda tenho o bilhete de ida, o de volta rasguei, joguei fora, juro que desejei que aquele dia também tivesse ido embora junto, mas tudo ainda permanece aqui, todos detalhes, todas palavras, gestos... e farpas.
Tenho repetido constantemente aquele trecho de Clarice: E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça. Farpa incrustrada na parte mais grossa da sola do pé. E digo mais: incrustada na parte menos lúcida da mente, e na parte mais frágil do coração. É, farpa dói, e não é igual aquela que tiramos do dedo, sabe? é diferente, é maior.
E pra quem ve de fora pode ver algum tipo de dor que poderia muito bem ser evitada, mas eu já sabia que ela faria parte do pacote, que veio junto da poltrona 27, da plataforma 21 e das milhares de gotas que escorriam da minha mão.
Eu sei desses números, porque ainda tenho o bilhete de ida, o de volta rasguei, joguei fora, juro que desejei que aquele dia também tivesse ido embora junto, mas tudo ainda permanece aqui, todos detalhes, todas palavras, gestos... e farpas.
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