11.5.10
Recaídas
Acordei mais cedo que o habitual, resolvi mudar o caminho e já quase entrando no metrô encontrei uma loja de móveis antigos, lembrei de você. Olhando bem a vitrine por alguns minutos, lembrei de mim. Me senti egoísta, confesso. A única vontade durante os momentos que ali fiquei, foi de que você também tivesse a mesma visão que a minha. Continuei olhando, querendo tocar todos os meticulosos detalhes daquelas peças, de repente percebi, que enquanto me perguntava, porque diabos ainda não tinha entrado, a dona do local me olhava com o semblante de alguém que puxava na memória uma cena igual aquela. Enquanto nossos olhares tímidos se cruzavam, via pelos seus traços, que devia fazer aquilo todos os dias enquanto limpava o espelho da penteadeira, a mesma que ficava mais no fundo, sem preço algum, provavelmente não queria vendê-la, enfim, devia se olhar ali todas as manhãs e lembrar de como estava o tempo naquele dia, como era forte o inverno e o vento que transpassava suas roupas, chegando a rasgar sua pele, penso que tenha sido a última vez que se sentiu realmente viva. Como em um estalo acordei, desviei daquele olhar tão familiar e resolvi prosseguir. No caminho estreito que passava, deixei que Sia gritasse no meu ouvido frases como: "I have been here many times before, hurt myself again today and, the worst part is there's no-one else to blame", se não era exatamente isso, era parecido. Que seja, sem perceber, tropecei, cai e diferente das outras vezes, senti, o pior de tudo: eu senti! Mas com uma sutil diferença, pois não havia vento cortando ou me acordando, infelizmente, pois eu tinha me esquecido... ainda era começo de verão.
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