Não me lembro quando foi a última vez que confiei fielmente em alguém.
Não tenho dado as mãos, nem um dedo sequer, pra quem me pede.
Queria lembrar a última vez que consegui fazer isso, de me entregar sem medo, de ir e voltar e saber que você continuaria no mesmo lugar.
De fechar os olhos e abrir só quando chegar, deixando outra pessoa guiar.
Hoje não, não sei como fazer. Nem sei se um dia soube.
Uma vez me disseram, quer dizer, me deram um tapa na cara, falando que não podemos carregar todas as bagagens quando partimos pra uma nova viagem. Acho que foi o fato de eu ser uma das bagagens que não foram levadas, que me faz exigir tanto que as pessoas que chegam também não tragam nenhuma.
Eu, nem se coubessem, no vagão do trem que vim, as levaria.
Parto de uma vez, queria que fizessem o mesmo.
Partissem claro e limpo, pra mim.