Oi coração.
Faz tanto tempo que não escrevo cartas, mas hoje resolvi abrir uma exceção.
Resolvi te escrever, por simples sussego de minha consciência. Tentar tirar o peso que habita em você.
Lembra quando te pedi pra ficar calado, e você não ficou? Então, teus gritos voaram por todos os ventos, ultrapassaram as quatro paredes que me cercavam, derrubou os muros que tive tanto trabalho pra construir. Você, bem sabe, como é difícil reconstruí-los. Quase impossível. Quase.
Lembra quando te pedi pra ser amiga da razão? Pois bem, ela em seu nível mais alto de torpor, resolveu te deixar como dona das piores decisões. De racional, ela não tem nada. Bem sabemos que você não era capaz de decisões corretas.
Mais uma vez, caimos no mesmo buraco, fomos pegos pela mesma ratoeira.
Vai, grita agora.
Agora que eu preciso, ficas calado? De silêncios já estou esgotada. De metáforas já me entupiram até os poros. De despedidas já passaram dos números de carneirinhos que conto toda a noite antes de dormir.
Vai, tira esse peso de nós.
Quero prender em você quem eu sei que é parecido contigo, coração. Já escaparam muitos pelos meus dedos e por tuas artérias.
Bom, fico por aqui. Assinarei igual faço nas centenas de e-mails que mando todos os dias, pra quem sabe, me respondas com a mesma velocidade que eles voltam pra mim.
Aguardo retorno.
PS.: Não me ache ingênua por te escrever, já te sinto mais leve.